Câmara de SP aprova reajuste de servidores municipais após sessão conturbada
29/04/2025
(Foto: Reprodução) Votação feita nesta terça (29) terminou com 34 votos a favor e 17 contrários à proposta. Reajuste será de 2,60% em maio deste ano e 2,55% em maio do ano que vem. Percentual está abaixo do reivindicado pela categoria, que está em greve. Vereadora é chamada de racista na Câmara Municipal de SP durante discussão pelo reajuste s
A Câmara Municipal de São Paulo aprovou em segunda votação, na noite desta terça-feira (29), a proposta de reajuste salarial dos servidores municipais. A sessão foi tensa, e o placar foi de 34 votos a favor e 17 contrários. Não houve nenhuma abstenção.
A proposta em discussão prevê reajuste no salário dos servidores municipais em duas etapas:
2,60% em maio deste ano;
E 2,55% em maio do ano que vem;
Acumulado, o aumento fica em 5,15%.
O reajuste, abaixo do reivindicado pela categoria, foi votado em meio a greve de professores e servidores municipais. Nesta manhã, eles protestaram em frente à Câmara Municipal (leia mais abaixo).
Placar da votação
Marcel Lopes/TV Globo
Sessão conturbada
A vereadora Cris Monteiro (Novo) foi acusada de racismo durante a votação.
Durante as discussões, a vereadora começou sua fala com: "Quando vem uma mulher branca, bonita e rica falar aqui, vocês vaiam", em provocação aos membros do sindicato dos servidores que protestavam nas galerias.
Os manifestantes responderam à fala de Cris Monteiro com gritos de "racista".
Após os gritos dos manifestantes, Cris continuou falando e chegou a discutir com um membro do sindicato, pedindo que ele se retirasse da galeria.
"Eles estão me enfrentando [...]. Eu escutei todos vocês calada. Enquanto vocês falavam, ninguém se manifestou. Agora, quando vem uma mulher branca aqui falar a verdade para vocês, ficam todos nervosos, porque uma mulher branca, bonita e rica incomoda todos vocês", disse a vereadora.
Vereadora bate-boca com manifestantes durante sessão na Câmara de SP
A sessão foi interrompida por mais de 20 minutos. Cris retornou à tribuna e pediu desculpas pelo episódio.
"Gostaria de lamentar profundamente as minhas falas. Não foi a minha intenção, como parlamentar. Lamento profundamente e espero que as pessoas que se sentiram ofendidas entendam que não foi a minha intenção ofender ninguém — nem na galeria, nem meus colegas parlamentares."
Em nota, a vereadora afirmou que "lamenta a repercussão de sua fala e reforça que em nenhum momento teve a intenção de ofender qualquer pessoa. Ao longo dos últimos cinco anos de mandato, Cris Monteiro sempre pautou sua atuação pelo respeito aos colegas parlamentares e à população de São Paulo. Sua trajetória é marcada pelo diálogo, pela escuta ativa e pelo compromisso com soluções concretas para os desafios da cidade".
A também vereadora Luana Alves (PSOL) foi à tribuna e disse que, nesta quarta-feira (30), o caso será levado para a Corregedoria da Casa.
Em greve, servidores municipais de SP fazem ato contra projeto sobre reajuste salarial; nova votação será nesta terça
Rubinho Nunes X Toninho Vespoli
Rubinho Nunes tenta retirar cartaz de Toninho.
Reprodução
A sessão também teve um embate entre os vereadores Rubinho Nunes (União) e Toninho Vespoli (PSOL). Ao fim de sua fala na tribuna, Toninho levantou um cartaz em apoio aos manifestantes.
Rubinho, que estava atrás dele, se aproximou e tentou retirar o cartaz das mãos do vereador, que desviou (veja o vídeo abaixo).
Toninho disse que tomará as medidas cabíveis e que "a extrema-direita não sabe lidar com o debate de ideias e parte para a agressão e violência. Os mesmos que defendem os golpistas do 8 de janeiro querem atacar qualquer tentativa de debate".
Já Rubinho afirmou que "pode discordar, mas usar faixa para agredir e desrespeitar colega é o retrato do desespero de quem vive de sindicalismo e gritaria”.
"O episódio expôs o clima de hostilidade nas discussões sobre educação e servidores públicos, revelando o embate direto entre parlamentares que defendem meritocracia e responsabilidade e os que seguem alinhados à militância sindical."
Rubinho Nunes tenta retirar cartaz de Toninho Vespoli
Reivindicações dos servidores
Ato de funcionários municipais em frente à Câmara Municipal
Bervelin Albuquerque/g1
Os grevistas exigem um reajuste que seja pelo menos acima da inflação, que atualmente, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, variou 5,65% entre março de 2024 e março de 2025.
Há cerca de duas semanas, trabalhadores vêm fazendo manifestações. (entenda mais abaixo)
Audiência pública na Câmara de SP sobre projeto de lei que trata de reajuste salarial
Bervelin Albuquerque/g1
O Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindesp), com a Coordenação das Entidades Sindicais Específicas da Educação Municipal (Coeduc), levou uma contraproposta para a audiência de conciliação que foi rejeitada pela prefeitura, que manteve o projeto já proposto.
Câmera Municipal de SP.
Marcel Lopes/ TV Globo
Norma Lúcia Andrade dos Santos, presidente do Sindicato Especialistas Ensino Público São Paulo(Sinesp) diz que os sindicatos irão definir os próximos passos após a aprovação do projeto de lei.
Entenda o que está em jogo
Servidores fazem ato em frente à Câmara contra projeto de reajuste salarial
Bervelin Albuquerque/g1
Na semana passada, o projeto foi aprovado em primeira votação com um placar de 31 votos a favor e 15 contrários. Abaixo, entenda o que prevê a proposta e quais são as reivindicações dos servidores.
💲 Salário atual dos professores
R$ 2.680,40 para um professor que está iniciando na profissão, considerado como categoria 1;
R$ 3.237,89 para um professor com faculdade, considerado como categoria 3.
🧐 O que o PL 416/2025 prevê:
A revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos municipais;
Reajuste do salário e vale-alimentação dos trabalhadores em duas etapas: 2,60% em 1º de maio deste ano para profissionais ativos e aposentados; e 2,55% em maio de 2026;
Reajuste de 6,27% a partir de 1º de maio, sobre o valor do piso docente atual da categoria 1 (QPE 11A), correspondente aos profissionais da carreira do magistério com ensino médio;
Os valores do abono salarial complementar e de abono de compatibilização dos profissionais da educação.
🗣️ O que os servidores reivindicam:
Reajuste salarial de 44% para os profissionais de educação;
Incorporação dos abonos complementares de piso de 31,77%, 3% e 5,67%, concedidos entre 2021 e 2024;
Revogação do confisco previdenciário;
Redução da alíquota previdenciária de 14% para 11%.
Tabela correspondente ao salário atual e o valor previsto com o reajuste para os profissionais da carreira do magistério com ensino médio.
Reprodução SINPEEM (Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo).
Protesto dos servidores públicos e professores da rede municipal na semana passada
SINDSEP
Projeto que prevê reajuste salarial abaixo da inflação é aprovado em 1ª votação